NOTA DE ESCRACHO a joão

O candidato a prefeito (nunca será) João Campos do PSB tem nosso completo desagrado. Parabéns #SQN.

De Socialista o PSB não tem nada, deveria, inclusive, ter o mínimo de decência e mudar o nome do partido. O partido tem atualmente a máquina eleitoral na mão, se tornou um partido fisiológico, que não cria quadros e não se importa onde estão localizados ideologicamente seus membros. Nos perguntamos como o partido de Arraes pode ter se tornado o partido que faz coligações eleitorais com o partido de Paulo Maluf – o mesmo partido que na Ditadura conhecíamos como ARENA – e que em Pernambuco tem como seus maiores representantes a família Collin$$$.

Não há socialismo nenhum em fazer acordos milionários com consórcios esquecendo das trabalhadoras. O consórcio Grande Recife é sabidamente uma empresa apoiada pelas prefeituras e pelo governo do Estado, é inclusive fruto dos governos PSB: de 8 anos para cá vimos as passagens de ônibus aumentarem de R$ 2,15 para os atuais R$ 3,45, as passagens de metrô aumentaram de R$ 1,20 para R$ 4,00. Não houve compensação do salário de rodoviários e metroviários, que viu um aumento insignificativo, além da onda de demissões de cobradoras e cobradores deste ano, assim como a precarização do trabalho das e dos motoristas por conta da dupla função. Alias, no recente Projeto aprovado da Câmara de Vereadores do Recife para abolir esta dupla função, a maioria dos parlamentares que tentou adiar a votação são do PSB.

Esse é o mesmo partido que vende partes da cidade para a iniciativa privada e pra especulação imobiliária. Para além do já sabido acordo de venda do Cais José Estelita, podemos citar diversos exemplos de como o PSB tem sistematicamente vendido a cidade do Recife. É de conhecimento geral o acordão feito pela prefeitura com o grupo JCPM para a construção do Shopping Rio Mar: na época famílias inteiras de pescadoras e pescadores foram retiradas de suas casas com a falsa promessa de finalmente poder morar em uma casa e não em uma palafita. O conjunto habitacional prometido seria construído no terreno do antigo aeroclube porém sem resposta da Prefeitura até hoje (8 anos!).

Continuamos inquirindo: que socialismo é esse do PSB?

É o mesmo partido que em 2016 mostrou-se extremamente misógino e especista, quando na ocasião da saída de Marília Arraes do PSB pra o PT, os homens do partido apelidaram uma cadela que ficava pelo comitê de Marília. Ressaltamos a gravidade do fato, colocado como “brincadeira” nada mais é do que uma demonstração de poder masculinista, de degradação de mulheres, afeminadas e animais não humanos num só combo.

O problema da candidatura de João Campos nada tem haver com o fato dele ser jovem, nós somos também jovens e entendemos que a política é o nosso espaço de direito. O problema que identificamos é que o príncipe é apenas um monarca montado no capital político de seu pai, em suas estadia na UFPE jamais participou sequer da construção do D.A. de seu curso, nem mesmo nos atos organizados por diversos movimentos em busca de melhores condições de permanência estudantil para as e os estudantes mais pobres e da classe trabalhadora ele jamais apareceu. Nem sequer da juventude do seu próprio partido o menino Campos participou. O que vemos aqui é um caso de oligárquia e nepotismo nesta (pseudo)trajetória política: não tem experiência e se apoia no pai e mãe para suas aventuras. Governar uma cidade não deveria ser uma aventura, mas um compromisso socialista com as cidadãs e movimentos civís desta cidade, que ele vem demonstrando não ter.

Pra fechar, acrescentamos que ele e a família apoiaram publicamente Aécio Neves – PSDB nas eleições presidenciais de 2014 – o mesmo partido que orquestrou o Golpe de 2016; o mesmo sujeito grampeado em audio negociando propinas com a família do helicóptero com cocaína – e bônus de ameaça de morte ao primo, totalizando nove inquéritos abertos contra Aécio em 2018. Também filho de “gente importante” e se beneficia do foro privilegiado. Hoje desmascarado. Isso deixa bem nítido onde se encontra politicamente João Campos e sua família: a pretensa manutenção do poder por ele próprio, não importando as alianças ou que quem ocupe os cargos públicos seja contra os direitos básicos da população.

________

Apoio da família Campos à Aécio Neves em 2014
https://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/10/11/em-pernambuco-familia-de-campos-declara-apoio-formal-a-aecio.htm

Aécio Neves em 2018

Aécio Neves, o golpista engolido pelo golpe

Aécio negocia propina
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/18/politica/1495068186_795498.html

Aécio desmascarado
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/20/politica/1495247687_873909.html

Caso Helicoca 2013 e Aécio

Piloto do “Helicoca” de Zezé Perrella foi preso pela PF de Pernambuco na Operação Além Mar

Partido Progressista vinculado a Arena
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/07/politica/1425756874_200149.html

Família Collins
https://www.folhape.com.br/colunistas/blogdafolha/inquerito-investiga-cleiton-e-michele-collins/1981/

PSDB e o Golpe 2016

Artífice do golpe contra Dilma, PSDB decide ser contra impeachment de Bolsonaro

Caso da cadela
https://oglobo.globo.com/brasil/cadela-do-comite-do-psb-pe-batizada-com-nome-de-prima-de-campos-13516194

Aeroclube habitacional atrasado
https://jc.ne10.uol.com.br/pernambuco/2020/09/11969746-com-atraso-e-sem-data-de-entrega–prefeitura-do-recife-apresenta-projeto-de-parque-e-habitacionais-no-antigo-aeroclube.html

Projeto Novo Recife????
https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/03/26/cais-jose-estelita-confira-linha-do-tempo-das-polemicas-envolvendo-o-projeto-novo-recife.ghtml

Temos o q dizer sobre os projetos habitacionais
https://direitosurbanos.wordpress.com/

 

CARTA DE POSICIONAMENTO À ESQUERDA

Nós, da coletiva MULEsta, denunciamos a busca de apoios à direita e centro-direita da candidatura de Marília Arraes (PT) E João Arnaldo (PSOL); ao aceitar e publicizar apoios de partidos como o Podemos, de Ricardo Teobaldo, e os Partido Liberal, de Anderson Ferreira, ambos ligados ao EleNão Presidente Nacional e apoiadores do golpe. Nada adianta termos a primeira prefeita mulher do Recife se as alianças não são localizadas no debate dos movimentos sociais. Está no currículo deles o dito Estatuto da Família, que diz que famílias LGBTQI não são família, desconsiderando suas pessoas físicas e contribuindo para sua marginalização social. Também está a Reforma Administrativa, que pretendia reduzir os direitos trabalhistas e sucatear ainda mais a atuação do Estado nas carências da população. E junto a Bancada da Bala pretendem armar a guarda municipal, quando sabemos que esta ideologia de segurança só vulnerabiliza a juventude negra. Receber o apoio de parte da Bancada Evangélica significa colocar em perigo a autonomia de nossas corpas, é colocar em risco os serviços de abortamento legal, a luta das mulheres e afeminadas pelo direito de existir, é alimentar o fundamentalismo religioso que ameaça a vida dos povos de terreiro e as religiões de matriz africana. Receber apoio da família Ferreira é colocar um alvo nas costas das mulheres, das pessoas LGBTQIA+, das pessoas negras e dos povos indígenas. Assim como receber o apoio do usineiro Armando Monteiro significa ignorar as muitas famílias que se sustentam na agricultura familiar urbana, é ignorar o passado escravocrata de nosso estado e fortalecer o coronelismo contra o qual lutamos a tantos séculos.

A falácia que a política partidária prega de coligações que desvalorizam os interesses das trabalhadoras e estudantes por um suposto bem maior, na verdade só garante a permanência de interesses contrários à população e em benefício às elites e a manutenção do poder nas mesmas mãos. Estas coligações que simulam um benefício a curto prazo geram somente perda de dignidade daquela que se submete; mais grave é a situação da população submetida novamente ao escárnio, à miséria e violência. Os liberais e conservadores querem nos rebaixar: nos precisamos responder que nosso lugar é no poder popular. Estamos e estaremos na luta e na resistência.

Se a candidata Marília Arraes espera nosso apoio, ela precisa se aliar com as pautas de esquerda, e não tomar café com QG fascistas transfóbicas. Precisa acordar por direitos reprodutivos como as grandes nações latinoamericanas vem fazendo, garantindo direito ao corpo e ao aborto, às crianças contra violência e pela adoção; pela sexualidade livre de discriminações; por ruas e espaços públicos com acessibilidades para todas as corpas; acordar acesso à moradia popular, ao saneamento básico e à defesa da água, do meio ambiente e animais não humanos; pela ampliação de direitos trabalhistas; concurso público com cotas para negras, PcDs e pessoas trans; e pela garantia de permanência de estudantes negras LGBTs. Precisa acordar pela valorização da diferença, na garantia dos direitos conquistados; e na efetivação de espaços de participação popular. Nenhuma aliança partidária é gratuita ou meramente estratégica, é sabido. Então queremos perguntar a nossa futura prefeita se o seu compromisso é com as trabalhadoras e com os ideais a esquerda ou apenas com a manutenção do seu próprio poder?

Ferramentas à luta anticapitalista e antissistêmica

Do século 15 ao 19, durante o tráfico atlântico, pessoas pretas foram transformadas em mercadoria, forçando essas pessoas de forma violenta à submissão – que é um modelo de exploração do capital. Só no Brasil, foram quase 400 anos de trabalho escravo durante o período colonial, onde pretos, pretas e pretes passaram a ser a principal moeda de troca durante o governo português. A abolição não significou liberdade para a  população preta, que não foi incluída na sociedade. Abandonaram a mão-de-obra dos libertos e adotaram a dos imigrantes europeus, como também abandonaram seus corpos, deixando-os à própria sorte; sem emprego, sem casa, sem dignidade.

Ao longo daqueles anos, homens, mulheres, não-bináries e crianças negras ocuparam posições de inferioridade e postos de trabalho precários, enquanto o racismo passou a ser usado como narrativa para o rebaixamento dos custos da força de trabalho. Nesta consolidação do capitalismo no país e para sustentar da burguesia, criou-se a falsa imagem de democracia racial que apagaria as desigualdades impostas historicamente através da miscigenação. A realidade é que até hoje os povos negros brasileiros têm direitos básicos como saúde educação e moradia negados.

Diante deste cenário de exploração e expropriação da colonização brasileira, nossa luta anticapitalista visa a construção de uma sociedade livre de desigualdades, opressões, domínios, explorações de todas as corpAs humanas e não humanas, buscando superar o sistema/CIStema, destruí-lo e construir, através do poder popular, formas de cooperação e convivências baseadas em liberdades e autonomias.

A partir do momento em que os próprios movimentos sociais passam a fazer parte da manutenção do atual pacto social de desigualdades, cadastrando, classificando e gerindo a miséria como braços estatais, eles perdem assim sua potencialidade de enfrentamento à ordem, reforçando os elos de dependência entre trabalhadoras e o Estado, entre trabalhadoras e indústrias de exploração, em vez de nos oferecer vias de escape e possibilidades de construção autogestionadas e autônomas, de alternativas libertárias e definitivas ao fim do capitalismo.

Superar o capitalismo, do ponto de vista econômico, é superar a mais-valia; do ponto de vista filosófico, é superar a alienação das classes; do ponto de vista político e organizativo, é superar a hétero-organização racial, supremacista e especista, priorizando a auto-organização de trabalhadoras. Como lutamos contra algo que nos é dado antes do nosso nascimento e que parece invencível? Ao olharmos para trás é comum pensarmos que o capitalismo é algo indestrutível, que muites antes de nós tentaram – sem consolidação – outras formas de produção. Tivemos revoluções e guerras, outras teorias foram pensadas, mas a prática nunca nos parece o suficiente, nos sentimos o tempo todo esmagadas pela “mão invisível” do mercado. Porém, ao nos atentarmos aos grandes fatos históricos, acabamos ignorando as pequenas resistências, as ferramentas criadas burlando os sistemas, as resistências múltiplas – microfísicas / micropolíticas – que até hoje se recusam a se subjugar ao cis-hétero-patriarcado racista especista. Esquecemos de olhar nossas companheires cubanas, zapatistas, palestinas e curdas, que permanecem em uma guerra constante contra o status quo capitalista. Esquecemos das pequenas resistências cotidianas, dos yomangos (ato político de furtar estabelecimentos comerciais), das outras opções de consumo fora do grande mercado, das organizações coletivas. Esquecemos das ferramentas virtuais desenvolvidas por gente que acredita que a socialização dos diversos saberes, a segurança de dados e a liberdade dos códigos são a verdadeira arma que internet pode nos render, esquecemos des pequenes produtores agroecológiques, das moedas locais, do escambo e da agricultura familiar, esquecemos dos boicotes às grandes indústrias que constroem um ciclo vicioso de adoecimento pela alimentação e a venda de um falsa cura por medicamentos.

Então a pauta imediata é um meio de mobilização, de chamar a atenção para as necessidades de organização e da luta.

Através da organização coletiva, caímos sempre na mesma ladainha de que os movimentos revolucionários não fazem trabalho de base. Fazemos o trabalho de base ao trazermos os significados coletivos – reconhecimento e pertença trabalhista – através da empatia às necessidades da classe explorada e não de indivíduos. Cansaço, fome e apagamento são protestos coletivos. A noção de exploração e de sofrimento é sentida por todes que fazem a chamada base da pirâmide social. Lembramos que é nesse momento que organizações através de movimentos de solidariedade conseguem quebrar o braço repressor do Estado. Apreendendo a consciência de classe, a sujeita passa a questionar a falácia do empreendedor individual, da batalhadora que tem dois empregos, do sacrifício para obter o mínimo de Direito(s), e passa a compreender que não devemos ser apertadas por um sistema expropriador e explorador. Compreende que sua vida não pode ser pautada em imposições do capital, nem o que se veste, se come, se ama.

Na organização coletiva, passamos pelo medo da repressão dentro de um Estado que animaliza corpAs, normaliza a violência policial, a exploração e matança de animais humanos e não humanos para o lucro. É importante compartilhar que a animalização (condição animal, e seu valor inferior) é um projeto de hierarquização eurocêntrica, que contribuiu e contribui para a opressão de todas as corpAs que não encaixam no padrão da supremacia branca na qual homens brancos se auto determinam representantes da humanidade e definem quais corpAs estão fora da condição de “humano”, da sua lei e sua moral, como “sub-humano”, “desumano”, “não humano”, “animal”. Autorizando a violência, repressão e a necessidade de controle para com essas. Esse conceito, utilizado para defender a exploração dos animais não humanos, foi o mesmo que justificou a exploração de corpAs pretas e indígenas no período colonial e que hoje abrange outros grupos dissidentes. Partindo daí, é fácil perceber a intersecção das lutas e o inimigo comum.

Muitos coletivos ditos anticapitalistas ainda se distanciam da práxis e seguem na recusa de ajudar outres, como com a distribuição de alimentos e hortas comunitárias; apoiam ainda o encarceramento de pessoas; delimitam sua ação na linguagem academicista e binarista; exploram ou financiam a morte de animais, deixando de discutir a pauta antiespecista dentro dos movimentos; hierarquizam as lutas entre si; e seguem acreditando que a Revolução vai acontecer espontaneamente.

A construção das revoluções é através da participação e organização popular, trazendo primeiro a construção de uma classe trabalhadora fortalecida para que, através de suas inquietudes perante os abismos sociais, possa agitar seus pares, parceiras, pariceiras, para resgatar sua identidade, narrativa e territórios, e juntes encontrar permutas e economias anticapitalistas, baseadas na autogestão y autonomia dos povos.

 

Próxima Quarta (08/07), às 20h tem bate papo ao vivo mediado por Lara Buitron, militante feminista interseccional e anarquista da @coletivamulesta, e convidada Leilane, militante sindical da educação e membra da organização anarquista Maria Iêda, sobre a luta anticapitalista e antissistêmica. A Live será transmitida pelo Jiitsi (o link estará disponível no instagram @coletivamulesta, no dia 08/07).

 

Próxima Quarta (08/07), às 20h tem bate papo ao vivo mediado por Lara Buitron, militante feminista interseccional e anarquista da @coletivamulesta, e convidada Leilane, militante sindical da educação e membra da organização anarquista Maria Iêda, sobre a Luta Anticapitalista e Antissistêmica. A Live será transmitida pelo Jiitsi (o link estará disponível no instagram @coletivamulesta, no dia 08/07).